JENNA RUSSO, INTERNATIONAL PEACE INSTITUTE
A Comunidade da África Oriental (CAO) enviou tropas para um dos seus Estados-membros pela primeira vez, em Junho de 2022. O envio para a República Democrática do Congo (RDC) é um teste para a capacidade do órgão regional de responder a conflitos complexos.
Neste momento, o bloco regional já conta com algumas vitórias. No início de Dezembro de 2022, depois de conversações de paz em Nairobi, Quénia, 53 dos mais de 100 grupos armados que operam na RDC concordaram com um cessar-fogo.
A RDC, que se juntou à CAO em Abril de 2022, esteve encurralada em ciclos de violência por aproximadamente três décadas. Os motivos incluem intolerância étnica, exploração ilegal dos vastos recursos naturais daquele país e uma elite congolesa que se beneficia do caos.
A CAO também inclui Burundi, Quénia, Ruanda, Sudão do Sul, Tanzânia e Uganda, estando a sua sede localizada em Arusha, Tanzânia.
A mais recente onda de conflitos vem depois do ressurgimento do grupo armado Movimento 23 de Março ou M23. Forças internacionais obrigaram que o grupo saísse do país em 2013. O seu ressurgimento levou a um aumento dos níveis de violência e de deslocados em massa.
O reaparecimento fez com que a CAO mobilizasse uma força regional que pode ser composta por até 12.000 tropas provenientes dos Estados-membros. A força opera sob o comando do Quénia, com um mandato renovável de seis meses, para apoiar as forças nacionais da RDC no sentido de conter, derrotar e erradicar as forças negativas na região instável do leste.
Esta é a segunda vez que actores regionais enviam uma força militar para conter uma insurgência do M23. Depois da revolta inicial do grupo armado, em 2013, a conferência internacional composta por 12 membros, da região dos Grandes Lagos, propôs uma brigada de intervenção. Foi eventualmente trazida no âmbito da missão de manutenção da paz, a Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo. Ela ficou conhecida como a Brigada da Força de Intervenção.