O ‘Mais Alto Sacrifício’ Dos Soldados De Manutenção Da Paz É Honrado
Um Capitão Chadiano Encontra-Se Entre Os 85 Africanos Que Morreram Quando Serviam Em Missões Da Onu, Em 2021
EQUIPA DA ADF
UM CAPITÃO DO EXÉRCITO do Chade, que morreu quando protegia civis no Mali, tornou-se a segunda pessoa a receber o mais elevado prémio de manutenção da paz das Nações Unidas.
O Capitão Abdelrazakh Hamit Bahar juntou-se à Missão Integrada de Estabilização da ONU no Mali, em Janeiro de 2021. Foi enviado para o Aguelhok Super Camp, no nordeste, quando um grupo terrorista armado atacou e tentou tomar a base e os seus postos avançados, de acordo com a ONU.
Ele dirigiu um contra-ataque. Enquanto protegia o perímetro, observou que alguns dos atacantes estavam a entrar numa casa próxima. Foi tomar e garantir a segurança da casa, onde ele foi alvejado e morto.
Morreu em Abril de 2021, aos 34 anos de idade. Numa cerimónia de Maio de 2022, em Nova Iorque, a ONU honrou Abdelrazakh e outros soldados de manutenção da paz que morreram no cumprimento do seu dever, em 2021.
“A predisposição do capitão Abdelrazakh de arriscar a sua própria vida para salvar os outros é um exemplo de coragem e dedicação dos mais de 1 milhão de soldados de manutenção da paz que serviram nas linhas da frente de conflitos desde 1948,” disse o Subsecretário-Geral para as Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix. “O capitão Abdelrazakh fez o mais alto sacrifício em busca da paz. Lamentamos a sua perda juntamente com a sua família, colegas e a nação chadiana. O seu serviço abnegado serve de inspiração para todos nós e estamos orgulhosos de poder honrá-lo.”
Três outros soldados de manutenção da paz do Chade também morreram e 34 foram feridos durante o ataque. Um total de 74 soldados chadianos de manutenção da paz da ONU morreram ao longo destes anos.
Lacroix acrescentou que o sacrifício do capitão destaca o crescente perigo enfrentado pelos soldados de manutenção da paz da ONU na realização do seu trabalho em alguns dos ambientes mais desafiantes do mundo. A Missão da ONU no Mali é a mais perigosa do mundo, com mais de 270 soldados de manutenção da paz mortos desde 2013.
Abdelrazakh é o segundo vencedor da “Medalha Capitão Mbaye Diagne de Coragem Excepcional,” nomeada em honra ao senegalês Capitão Diagne, que salvou centenas de vidas quando servia como “capacete azul” da ONU, durante o genocídio de Ruanda, em 1994. Diagne escondeu civis com lençóis na sua viatura, depois manobrou, passando por postos de controlo, enquanto levava os seus passageiros para um lugar seguro.
Diagne foi morto quando uma cápsula de um morteiro explodiu próximo da sua viatura, depois de ser interpelado num posto de controlo do governo. Em 2014, a ONU criou o prémio em sua honra e deu o primeiro à sua família.
A Assembleia Geral da ONU criou o Dia Internacional de Manutenção da Paz da ONU, em 2002, para prestar homenagem a todos homens e mulheres que servem na área de manutenção da paz e para honrar aqueles que deram as suas vidas pela causa da paz. A Assembleia Geral designou 29 de Maio como o dia do soldado da manutenção da paz, para comemorar o dia, em 1948, quando a primeira missão de manutenção da paz da ONU, a Organização de Supervisão do Cessar-Fogo, começou as operações na Palestina. Desde então, mais de um milhão de pessoas serviram em 72 operações de manutenção da paz da ONU.
Nas cerimónias de Maio, a ONU também efectuou a entrega de uma carta de recomendação ao Tenente-Coronel Chahata Ali Mahamat, que lutou juntamente com Abdelrazakh naquele dia e ajudou a evacuar 16 colegas feridos.
Durante a cerimónia, o Secretário-Geral António Guterres depositou uma coroa em homenagem aos aproximadamente 4.200 soldados de manutenção da paz da ONU que morreram no cumprimento do seu dever desde 1948. Ele também presidiu a cerimónia em que a medalha Dag Hammarskjöld foi dada de forma póstuma a 117 militares, polícias e civis da manutenção da paz que morreram servindo sob a bandeira da ONU, em 2021.
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