EQUIPA DA ADF
As autoridades sul-africanas estão a comprometer-se em desmantelar as células terroristas que possuem ligações com o Estado Islâmico da Síria e do Iraque (ISIS).
“Não iremos permitir que o nosso território seja utilizado para financiar o terrorismo noutros países,” Mondli Gungubele, o ministro na presidência responsável pela segurança do Estado, disse no dia 9 de Novembro. “Sendo assim e trabalhando com as nossas contrapartes na luta contra o terrorismo, faremos tudo que estiver ao nosso alcance para descobrir e desarraigar os actos de terrorismo e financiamento ilícito em particular.”
Em Novembro, menos de uma semana depois de os Estados Unidos e outros países terem emitido um alerta de terrorismo na África do Sul, o Departamento do Tesouro dos EUA emitiu sanções contra quatro homens de Durban, que alegadamente adquiriram armas e dinheiro para o ISIS.
Farhad Hoomer, Siraaj Miller e Abdella Hussein Abadigga desempenham “um papel incrivelmente essencial na facilitação de transferências de fundos desde o topo da hierarquia do ISIS para as agências espalhadas em África,” disse o Departamento do Tesouro num comunicado. Peter Charles Mbaga foi acusado de transferir dinheiro e equipamento da África do Sul para o ISIS-Moçambique e de procurar adquirir armas provenientes de Moçambique.
Alega-se que Hoomer tenha começado operações do ISIS em Durban, em 2017 ou 2018, e é acusado de utilizar esquemas de raptos para obtenção de resgate e extorsão de grandes empresas para financiar actividades do ISIS. Afirma-se que ele esteja em contacto com o ISIS-República Democrática do Congo e com apoiantes do ISIS na África do Sul.
Em 2018, as autoridades sul-africanas prenderam Hoomer e alguns dos seus associados por causa de um plano de enviar “dispositivos incendiários improvisados” para próximo de uma mesquita e edifícios comerciais e de retalho. Mais tarde, o processo foi anulado.
Desde que perdeu território no Iraque e na Síria, o ISIS tem cada vez mais criado caminhos em direcção ao continente. Atraído pelos recursos naturais abundantes e fronteiras porosas, o grupo agora opera em mais de 20 países africanos, de acordo com alguns especialistas.
Willem Els, especialista em matérias de combate ao terrorismo e coordenador sénior de formação do Projecto ENACT, do Instituto de Estudos de Segurança, disse que os mais recentes relatos não podem causar pânico por parte do público. Contudo, observou que é preocupante que os grupos terroristas possam utilizar a África do Sul como um centro de financiamento de actos de terrorismo em outros países. Ele indicou a incapacidade de condenar suspeitos terroristas no passado como uma prova da necessidade de um posicionamento mais firme.
“Penso que é altura de repensarmos a nossa estratégia, repensar a nossa vontade política sobre como lidar com estas coisas,” disse Els ao Newzroom Afrika.
Um relatório entregue ao Conselho de Segurança da ONU este ano indicou ter havido várias grandes transacções geradas na África do Sul e enviadas para suspeitos afiliados do ISIS, totalizando mais de 1 milhão de dólares.
Embora o relatório da ONU tenha observado que a ameaça do Estado Islâmico é “relativamente baixa em zonas sem conflito,” como a África do Sul, acrescentou que as ameaças terroristas são “muito mais fortes em zonas directamente afectadas por conflitos e seus arredores,” como o vizinho da África do Sul assolado pela guerra, Moçambique. O alerta de terrorismo emitido em finais de Outubro afirmou que o ISIS tinha planos de realizar um ataque “que tinha como alvo grandes aglomerados de pessoas num local não especificado na grande região de Sandton de Johannesburg, África do Sul.”
Embora o alerta tenha oferecido pouca informação adicional, Martin Ewi, um analista principal do Instituto de Estudos de Segurança, disse que deve ter havido “evidências sólidas” de um possível ataque.
“Este foi um dos alertas mais precisos,” disse Ewi à Vice World News. “Eles disseram quando e onde o ataque iria acontecer. Muito poucos alertas possuem esse tipo de pormenores.”
Embora não tenha havido ataques naquele dia, o ISIS representa um verdadeiro perigo na África do Sul, argumentou a especialista em terrorismo, Jasmine Opperman.
“A ameaça do ISIS tem estado a aumentar aqui, mas os sul-africanos são ingénuos e preferem pensar que isso nunca lhes pode acontecer,” disse Opperman à Vice. “Precisamos de acordar e ver que a ameaça já está aqui.”