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A Nigéria deverá fazer com que a prestação de cuidados ligada à COVID-19 faça parte da rotina de gestão de pacientes, numa altura em que o país luta contra a sua quinta vaga da pandemia, de acordo com o Dr. Iorhen Akase.
Fazer isso ajudará a reduzir o fardo da pandemia para o mesmo nível que as outras doenças como a hipertensão e a hepatite, disse Akase, que lidera a unidade de doenças contagiosas do Hospital Académico da Universidade de Lagos, numa reportagem do jornal nigeriano, Vanguard.
“Quando a prestação de cuidados da COVID estiver integrada na gestão rotineira dos pacientes, irá fazer com que não seja muito diferente de alguém que vem com hipertensão ou tuberculose, mas apenas uma outra doença,” disse Akase. “A COVID não irá desaparecer, pelo contrário, chegará o tempo em que as pessoas virão ao hospital, haverá 10 casos de COVID-19 e ninguém saberá.”
A quinta vaga daquele país é impulsionada pelas subvariantes BA. 4 e BA.5 da Ómicron, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O Estado de Lagos é de longe a região mais atingida do país.
No hospital de Akase, a maior parte dos pacientes da COVID-19 mais recentes não precisaram de ser internados nas unidades de cuidados intensivos, ventilação ou tratamento com oxigénio. Akase disse que factores socioeconómicos, infra-estruturas de saúde, gestão de risco e padrões comportamentais estão por detrás da mais recente vaga da Nigéria.
Akase já batalhou contra outros surtos de doenças nos últimos anos, incluindo o HIV, a febre Lassa e a sepse. Ele e outros especialistas previram que a COVID-19 eventualmente iria tornar-se num problema médico sazonal.
“Chegaremos a um ponto em que deixará de ser um grande problema de saúde pública assim como vimos no passado,” disse Akase.
Outros especialistas, como Adesegun Fatusi, um professor de medicina da comunidade e saúde pública, afirmam que a falta de testagem adequada e o custo dos testes também prejudicaram a resposta da Nigéria à pandemia.
Com uma população de mais de 206 milhões de habitantes, a Nigéria comunicou que pouco mais de 5,4 milhões de pessoas foram testadas para o vírus, até início de Setembro, de acordo com o Centro de Controlo de Doenças da Nigéria. Entre 20 de Junho e 3 de Julho, as testagens naquele país registaram um decréscimo em mais de 50%.
“Em termos de modalidades de testagem, começamos por testar toda a gente, utilizando a máquina de reacção em cadeia da polimerase, que leva muito tempo para produzir resultados, e agora estamos a utilizar os testes rápidos de antigénio,” Fatusi, que é o vice-presidente da Universidade de Ciências Médicas, no Estado de Ondo, disse ao jornal nigeriano, The Punch. “O que temos de fazer é concentrarmo-nos continuamente nos testes rápidos, que deverão estar amplamente disponíveis. As pessoas devem ser capazes de testar a si próprias em casa.”
A complacência do público também paralisou as medidas de prevenção da COVID-19 daquele país, de acordo comJohann Ojukwu, funcionário da Red Cross Health and Care, em Abuja.
“A Nigéria não está em condições de baixar a sua guarda no que diz respeito à COVID-19,” Ojukwu disse numa reportagem do jornal nigeriano, Peoples Gazette. “Isso acontece porque o vírus ainda se encontra espalhado entre nós e ainda assola todas as partes do país.”