Estudo: Planos de Recuperação da COVID-19 Devem Priorizar as Necessidades dos Jovens
EQUIPA DA ADF
Os jovens encontram-se entre os mais atingidos pelos impactos socioeconómicos da pandemia da COVID-19, sofrendo interrupções na educação e formação, perdendo fontes de rendimento e lidando com a insegurança alimentar.
Entre os aproximadamente 1,4 bilhões de habitantes de África, mais de 65% possuem menos de 35 anos. A média de idades do continente é 19,7 anos.
Anualmente, cerca de 10 a 12 milhões de jovens africanos entram no mercado de trabalho, mas apenas 3 milhões de empregos formais são criados, de acordo com o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento.
Um estudo recente do Centro Internacional de Pesquisa sobre as Mulheres (ICRW) concluiu que a maior parte dos governos da África subsariana fez pouco para apoiar a população jovem durante a pandemia.
“Mas os jovens africanos não são apenas vítimas das crises interligadas exacerbadas pela COVID-19,” afirma o relatório, “também são a chave para a sua mitigação.”
O estudo intitulado “Inclusão Juvenil nos Planos de Recuperação Económica da COVID-19: Um mapeamento e análise dos processos nacionais e regionais na África subsaariana” revelou que muitos jovens têm dificuldades de encontrar emprego adequado enquanto outros foram seduzidos pela criminalidade.
O ICRW fez a revisão dos planos e das políticas de recuperação da pandemia do Quénia, Nigéria, Ruanda e África do Sul. O mesmo concluiu que a maior parte não satisfez as necessidades das pessoas de 15 a 35 anos.
O Dr. Chimaraoke Izugbara, director da Global Health and Development, do ICRW Africa, foi um dos autores.
“Os líderes do continente continuam apenas a falar da boca para fora sobre a importância dos jovens como inovadores, impulsionadores da mudança e uma parte indispensável para a equação do desenvolvimento,” disse à ADF.
“As pessoas menores de 35 anos formam o maior grupo populacional na maior parte dos contextos africanos. Mesmo assim, poucos países africanos possuem uma agenda de desenvolvimento económico centrada nos jovens.”
Outro autor, Director Associado Sénior do ICRW Africa, Dr. Erick Yegon, disse que as políticas de apoio económico não foram concebidas com a acessibilidade dos jovens em mente.
Entrevistas feitas a 65 actores jovens, nos países de foco, demostraram que os jovens raramente eram incluídos nos diálogos governamentais destinados a informar a determinação de prioridades e de políticas.
“Eles sentiram que as suas opiniões não eram ouvidas nem valorizadas,” disse Yegon num comunicado. “Também citaram a falta de confiança no acompanhamento do governo em relação à sua participação no acesso aos recursos de recuperação.”
Os autores apelaram as agências para incluírem as métricas da responsabilização como uma proporção mínima de beneficiários jovens e do sexo feminino, como uma recomendação para o desenvolvimento e implementação de novas medidas de alívio da COVID-19.
Uma outra recomendação foi o investimento nas iniciativas de ensino à distância para as pessoas que ainda não possuem computadores e telemóveis.
Os jovens “expressaram um forte optimismo em relação ao futuro digital como uma avenida para o emprego juvenil,” observou o estudo. “Contudo, eles também disseram que os investimentos existentes e emergentes nas infra-estruturas digitais dos países não são adequados nem respondem às suas necessidades ou às necessidades de outros grupos marginalizados.”
Izugbara disse que o ensino superior em África ainda tem muito que melhorar.
“As universidades continuam a produzir graduados com poucas habilidades e pouca preparação para a nova economia global,” sublinhou. “Os sectores de alto valor, como as indústrias criativas, recebem pouca atenção e poucos investimentos nacionais.
“Em alguns países, os docentes universitários e professores de outros níveis de ensino devem fazer greves longas para obrigar o governo a investir no sector da educação.”
Durante um evento do Dia Mundial das Habilidades Juvenis, no dia 15 de Julho, a directora-geral adjunta da Organização Internacional do Trabalho para a área de políticas, Martha Newton, enfatizou a importância das habilidades digitais para ajudar os jovens a adaptarem-se rapidamente ao ambiente de trabalho que muda rapidamente.
Ela apelou para a promoção de estágios de alta qualidade para equipar os jovens com “habilidades para a vida.”
“Sejam a mudança que pretendem ver; sejam incansáveis, sejam ousados,” disse através de uma videoconferência.
“Não podemos transformar os esforços sem vocês.”
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