EQUIPA DA ADF
Os casos relacionados com a depressão aumentaram em 24% na África do Sul durante a pandemia da COVID-19, de acordo com o provedor de serviços financeiros Discovery Health, que lida com reclamações de 2,7 milhões de pessoas.
Da mesma forma, os riscos relacionados com ataques cardíacos foram 1,5 vezes superiores em todo o país em comparação com os níveis pré-pandémicos. Os pacientes que foram internados com o coronavírus eram 3,5 vezes mais propensos a ter ataques cardíacos, Dr. Ronald Whelan, director comercial da Discovery Health, disse numa reportagem do jornal sul-africano, Mail & Guardian.
As autoridades apresentaram os dados na conferência anual da Associação de Hospitais da África do Sul. Também discutiram o Seguro de Saúde Nacional daquele país, uma proposta de sistema financeiro, com vista a gerar fundos para oferecer serviços de saúde de qualidade e acessíveis.
Os defensores apelaram para que os países investam mais nos serviços de saúde mental.
“O maior problema neste momento é que a nossa política de saúde mental expirou” em 2020, Crick Lund, um professor honorário de saúde pública mental da Universidade da Cidade do Cabo, disse numa reportagem do Mail & Guardian. “Nada aconteceu desde essa altura, o que é preocupante. Houve um impacto massivo sobre os provedores de serviços de saúde, por causa dos fardos não relacionados com a Covid que eles carregavam e que ainda carregam.”
O aumento da depressão e de ataques cardíacos durante a pandemia é uma tendência global, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Durante o primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, comunicou a organização em Março.
“A informação que agora temos sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental no mundo é apenas a ponta do iceberg,” Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, disse num comunicado de imprensa. “Este é um sinal de alerta para todos os países para prestarem mais atenção à saúde mental e fazerem um melhor trabalho para apoiar a saúde mental das suas populações.”
Isolamento social, desemprego, medo de infecção e tristeza foram citados como os impulsionadores mais comuns da depressão durante a pandemia.
De acordo com a OMS, os jovens ficaram desproporcionalmente em risco de suicídio ou de comportamentos prejudiciais contra si próprios durante a pandemia. As mulheres foram, em termos gerais, as mais gravemente afectadas do que os homens, enquanto as pessoas com condições de saúde pré-existentes, como asma, cancro, doenças cardíacas, estiveram mais propensas a desenvolver sintomas de desordem mental.
As pessoas com desordem mental pré-existente não parecem estar desproporcionalmente vulneráveis à infecção pela COVID-19. Contudo, quando essas pessoas contraíram a doença, ficavam mais propensas a necessitar de internamento ou morrerem, de acordo com a OMS.
A OMS apelou os países a incrementarem os investimentos em serviços de saúde mental. Em 2020, os governos a nível mundial, usaram pouco mais de 2% dos seus orçamentos da saúde na saúde mental e muitos países comunicaram ter menos de um funcionário da área de saúde mental por cada 100.000 habitantes.
“Embora a pandemia tenha gerado interesse e preocupação com a saúde mental, ela também revelou um histórico de falta de investimentos nos serviços de saúde mental,” Dévora Kestel, directora do Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias, da OMS, disse num comunicado de imprensa. “Os países devem agir de forma urgente para garantir que haja uma disponibilidade de apoio de saúde mental para todos.”
A COVID-19 não apenas aumentou a prevalência de depressão e de ataques cardíacos, mas os efeitos colaterais comuns dos clientes da Discovery Health, 18 meses depois da infecção inicial, incluem dores de cabeça, insónia, dificuldade de respirar, palpitações do coração e fraqueza dos músculos.