Especialistas: Gana Deve Reforçar a Preparação Para Ataques Terroristas

EQUIPA DA ADF

Enquanto o terrorismo se propaga para o sul a partir do Sahel em direcção ao Golfo da Guiné, Gana destaca-se entre os seus vizinhos pela sua falta de ataques. Mas os especialistas estão a alertar que a situação daquele país tem dias contados.

O professor Emmanuel Kwesi Aning, director do departamento de assuntos académicos e pesquisa, no Centro Internacional de Formação em Manutenção da Paz Kofi Anan, sediado no Gana, passou por todos os postos fronteiriços do Gana, como parte de um projecto de pesquisa das Nações Unidas. Ele encontrou um quadro desastroso de falta de preparação nas regiões que fazem fronteira com o Burquina Faso, que se tornou uma fonte de terrorismo a propagar-se para os seus vizinhos a sul.

“Quando se vai aos postos fronteiriços, vêm-se as alfândegas e a imigração,” disse Aning à ADF numa entrevista. “Mas isso não significa que eles estejam preparados para um ataque terrorista.”

O governo foi lento em fornecer equipamento como scanners capazes de detectar contrabando nas dezenas de camiões que atravessam a fronteira diariamente, disse Aning.

“Quando falo de preparação zero, não estou a falar sobre os níveis de formação e disponibilidade para responder onde eles estão equipados,” disse Aning.

Em certos pontos de controlo, os softwares de segurança identificam os suspeitos terroristas e descobrem material escondido que pode ser utilizado em ataques. Algumas forças de segurança infiltram-se para desenvolver inteligência sobre potenciais actos terroristas, de acordo com um relatório de Paa Kwesi Wolseley Prah, publicado na revista The International Journal of Intelligence, Security and Public Affairs.

“Isso não desvia a atenção do facto de que os próprios funcionários das fronteiras estão bem preparados. Eles são capazes,” disse Aning à ADF. “Mas estão a trabalhar num ambiente hostil, com pouca capacidade para prevenir e degradar (as ameaças terroristas).”

Os residentes locais, muitas vezes, olham para os oficiais de segurança que trabalham na fronteira como intrusos, disse.

A experiência de Aning é contrária às recentes iniciativas do governo como a campanha “Viu Algo, Denunice,” que apela os cidadãos a denunciar potenciais ou suspeitos actos terroristas ou relacionados com terrorismo às forças de segurança.

De acordo com um relatório da Fundação Konrad Adenauer, Gana já tomou outras medidas para responder às ameaças terroristas. E conseguiu:

  • Reorganizar as regiões do norte para melhorar as operações de segurança.
  • Fazer o lançamento de programas para reforçar a economia no norte, onde o desemprego é elevado, particularmente entre jovens, que os terroristas muitas vezes têm como alvo para o recrutamento.
  • Promover a colaboração regional de combate ao terrorismo, através da Iniciativa de Acra, um esforço entre os países-membros, nomeadamente Benim, Burquina Faso, Costa do Marfim, Gana e Togo, para prevenir que o terrorismo do Sahel alcance outros países.

Recentemente os grupos terroristas sahelianos recrutaram várias centenas de ganenses e os enviaram de volta para o Gana para os catequisar, de acordo com os relatos.

“Ainda estamos para ver a força total do Estado para vir com medidas contra isso,” Mutaru Mumuni Muqthar, director-executivo do Centro da África Ocidental para o Combate ao Extremismo, disse ao JoyNews AM Show, do Gana. “O tempo colocou-nos numa emboscada.”

A análise da Fundação Konrad Adenauer sugere uma razão pela qual o Gana evitou ataques terroristas até agora: o país tornou-se um palco de preparação e um ponto de trânsito para terroristas que operam nos países vizinhos.

Um relatório de Fevereiro, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirma que os terroristas criaram armazéns no Benin, Gana e Togo.

As fronteiras porosas do Gana tornaram-se um grande obstáculo para a prevenção de um ataque, de acordo com Adib Saane, director-executivo do Jatikay Center for Human Security and Peace Building.

Embora existam 44 pontos de travessia de fronteira oficiais com o Burquina Faso, existem cerca de 190 pontos de travessia ilegais, observou.

“A nossa segurança da fronteira é um grande problema,” disse Saane ao JoyNews. “Os nossos serviços de segurança estão a fazer muito, mas não é suficiente.”

Saane e Aning disseram que o governo deve ir para além de uma resposta militar às ameaças terroristas. Aning disse que parte da solução é “emprego, emprego, emprego.”

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