EQUIPA DA ADF
As crianças sul-africanas com menos de 9 anos foram internadas numa percentagem mais elevada do que os pacientes idosos durante a quinta vaga da COVID-19 naquele país, que foi impulsionada pelas altamente contagiosas variantes BA.4 e BA.5.
De 13 de Abril a 27 de Maio, 17% de todos os casos de internamentos hospitalares relacionados com o coronavírus foram de crianças daquele grupo etário, excedendo pela primeira vez o número de pacientes de COVID-19 internados em mais de 80, de acordo com a Discovery Health, a maior instituição de seguros de saúde daquele país. O número de internamento de crianças em hospitais foi semelhante ao de pacientes idosos durante a quarta vaga.
“Os dados da Discovery revelam taxas de internamento hospitalar muito baixas para a COVID-19 grave durante a primeira, a segunda e a terceira vagas do país,” Ryan Noach, director-executivo da Discovery Health, disse à Bloomberg num comunicado. “Esse cenário mudou nos últimos meses.”
As infecções pela B.A.4 e B.A.5 aumentaram, apesar de pesquisas sugerirem que 98% dos sul-africanos adultos tinham alguns anticorpos para protegê-los de infecções, devido a tratamentos preventivos ou por terem anteriormente sido infectados, de acordo com um estudo do Serviço Nacional do Banco de Sangue da África do Sul.
As crianças sul-africanas provavelmente não desenvolveram imunidade devido à falta de exposição à doença, entre outras razões.
Redução nas Taxas de Infecção
A primeira vaga da COVID-19 naquele país foi impulsionada pela estirpe original do coronavírus, enquanto as duas seguintes foram impulsionadas pelas variantes Beta e Delta. A variante Ómicron impulsionou a quarta vaga. A quinta vaga, impulsionada por B.A.4 e B.A.5, diminuiu no início de Junho, comunicou o site sul-africano de notícias da internet, Business Tech.
O governo da África do Sul pensou em levantar as restantes medidas da COVID-19 devido a um decréscimo acentuado em internamentos e mortes, reportou o jornal The East African, no dia 21 de Junho.
O Ministro de Saúde da África do Sul, Dr. Joe Phaahla, recomendou que o uso de máscaras já não devia ser obrigatório, as restrições de aglomerados públicos deviam ser revogadas e os testes de COVID-19 deviam deixar de ser necessários.
“Temos estado a fazer a monitoria da epidemia, trabalhando com o NICD [Instituto Nacional de Doenças Contagiosas], e a actual análise epidemiológica aponta para taxas de infecção mais baixas e que o país saiu do recente pico ou [quinta] vaga cujas actuais medidas limitadas foram promulgadas para mitigar,” disse Phaahla na reportagem.
Esperava-se que o Conselho de Ministros votasse as recomendações de Phaahla depois de serem apreciadas pelas autoridades provinciais. No início de Abril, o país declarou o fim do seu estado de emergência de dois anos e levantou a maior parte das restrições no início de Maio.
O Dr. Richard Lessels, especialista em doenças contagiosas da Plataforma de Pesquisa e Inovação em Sequenciamento de KwaZulu-Natal, na África do Sul, alertou que provavelmente irão emergir mais variantes que podem causar surtos, mesmo entre pessoas com anticorpos da COVID-19.
“O vírus irá continuar a evoluir para continuar a propagar-se entre a população,” disse Lessels ao jornal The New York Times. “Não termina. Este vírus estará connosco para sempre.”