EQUIPA DA ADF
As mulheres grávidas que são internadas com a COVID-19 correm um risco maior de morrer do que as não grávidas. Elas encontram-se também em maior risco de desenvolver complicações graves se tiverem doenças subjacentes como a tuberculose, HIV ou anemia falciforme, de acordo com um recente estudo realizado pelo Fórum Africano para a Investigação e Formação em Saúde (AFREhealth).
O estudo que envolveu 510 mulheres grávidas de seis países da África Subsaariana analisou o impacto que a COVID-19 teve sobre a sua saúde entre o início da pandemia, em Março de 2020, e o fim de Março de 2021. Elas foram comparadas com 403 mulheres que tinham COVID-19, mas não estavam grávidas, e um número semelhante de mulheres que estavam grávidas sem a COVID-19.
Os resultados demonstraram que as mulheres grávidas com COVID-19 exigiam cuidados intensivos e oxigénio adicional. Elas eram cinco vezes mais susceptíveis de morrerem se fossem internadas por COVID-19. A gravidez duplicou as possibilidades de uma mulher internada com COVID-19 morrer.
“É uma relação bidireccional: o impacto da gravidez piorou o quadro da COVID-19. Ao mesmo tempo, a COVID criou um impacto no resultado para as mulheres grávidas,” o autor principal do estudo, Dr. Jean Nachega, epidemiologista e professor da Universidade de Stellenbosch, África do Sul, e da Universidade de Pittsburgh, EUA, disse à eNCA news.
Um estudo INTERCOVID de mulheres grávidas feito em 18 países obteve resultados semelhantes, mas apenas com 5% de participantes africanas (Gana e Nigéria). O estudo da AFREhealth analisou resultados da República Democrática do Congo, Gana, Quénia, Nigéria, África do Sul e Uganda. A África do Sul forneceu a maioria dos participantes da pesquisa.
Embora a população africana seja comparativamente mais nova do que a da Europa ou da América do Norte, o continente possui níveis elevados de certas doenças como TB, HIV e anemia falciforme, que podem complicar a gravidez assim como as infecções por COVID-19.
“Não podemos extrapolar os resultados dos Estados Unidos ou da Europa para o continente,” disse Nachega à eNCA. “É por isso que quisemos realizar este estudo nesta população especial.”
O estudo da AFREhealth foi publicado numa altura em que os países de toda a África estão a experimentar um aumento nas novas infecções pela COVID-19, impulsionadas pela variante Ómicron. A quinta vaga da África do Sul terminou no início de Junho. O Quénia anunciou recentemente a sua sexta vaga de infecções.
A variante Ómicron e as suas subvariantes, incluindo BA.2, BA.4 e BA.5, demonstraram ser capazes de vencer a imunidade criada por infecções anteriores da COVID-19. Como resultado, as pessoas que se recuperaram correm o risco de reinfecção.
Nachega espera que o seu estudo pressione mais países africanos a encorajarem as mulheres grávidas a protegerem-se das infecções pela COVID-19. Desde o começo da pandemia, a desinformação fez com que muitas mulheres grávidas em África evitassem medicamentos e outras medidas que as podem proteger de infecções.
“Existe uma necessidade de educação e de campanhas comunitárias para esta população especial a fim prevenir a morbidade e a mortalidade,” disse Nachega.