EQUIPA DA ADF
Com novos casos a aumentarem de forma rápida, aumento de internamentos e taxas de positividade acima de 30%, a África do Sul parece estar numa quinta vaga não declarada de infecções pela COVID-19. O aumento no número de casos é motivado amplamente pelas mais recentes sublinhagens da variante Ómicron.
No início de Maio, o Instituto Nacional de Doenças Contagiosas comunicou que tinha registado mais de 27.400 casos de COVID-19 e 11 mortes em apenas 24 horas. A taxa de positividade de casos de 31,1% é aproximadamente três vezes a média de todo o continente.
Apesar da alta taxa de positividade, os internamentos continuam muito inferiores do que durante as vagas anteriores. O mesmo acontece com as mortes. Isso provavelmente deve-se ao facto de mais de 80% dos sul-africanos terem uma certa forma de imunidade depois de terem estado expostos à COVID-19 durante os últimos dois anos, de acordo com os especialistas.
“Isso faz com que a doença fique mais ligeira,” virologista Alex Sigal, do Instituto Africano de Pesquisa em Saúde, disse à ADF por e-mail. “As pessoas com menos imunidade podem não ser tão sortudas.”
Todas as novas infecções devem-se às recentemente identificadas sublinhagens da Ómicron, BA.4 e BA.5, de acordo com o Dr. Túlio de Oliveira, director do Centro de Resposta Epidémica e Inovação (CERI), da África do Sul.
As pessoas que venceram as infecções anteriores da Ómicron são as que têm maiores probabilidades de estarem imunes a novas sublinhagens, disse Sigal.
“Uma vez que a última vaga foi massiva e estas são sublinhagens, este tipo de protecção era previsível,” disse Sigal.
O CERI e a KRISP, a Plataforma de Pesquisa, Inovação e Sequenciamento de Kwa-Zulu Natal — também dirigida por de Oliveira — foram fundamentais nos esforços globais para identificar, rastrear e responder a mudanças genéticas do vírus da COVID-19.
“A África do Sul pode orientar o mundo sobre o futuro da pandemia,” publicou de Oliveira na sua conta do Twitter.
O aumento do número de casos coincide com a chegada de temperaturas mais frescas e a época de gripes no hemisfério sul. As autoridades de saúde pública na África do Sul até agora ainda não declararam a quinta vaga.
Nicolas Crisp, director-geral adjunto do Departamento de Saúde da África do Sul, recentemente disse à Bloomberg que a declaração de uma quinta vaga viria com uma nova variante. “Os constantes aumentos no número de casos representam um ressurgimento da Ómicron depois de uma paralisação, e não necessariamente uma nova vaga,” disse.
De Oliveira esteve aberto quanto ao seu ponto de vista de que as novas infecções definitivamente representam uma quinta vaga de infecções.
“Sinais claros de 5ª vaga na África do Sul,” de Oliveira escreveu no Twitter. “O rácio de positividade é tão elevado como nas anteriores 4 vagas!”
As sublinhagens BA.4 e BA.5 são tão distintas da variante Ómicron original, visto que a Ómicron é uma das variantes que impulsionaram outras vagas, disse de Oliveira.
“Por favor, tenham cuidado e não sejam enganados pensando que é necessário que haja uma nova variante para causar uma nova vaga,” acrescentou no Twitter.
Depois de levantar a maior parte das restrições para controlar a propagação da COVID-19, o governo da África do Sul ordenou que todas as crianças usassem máscaras na escola e os adultos as usassem em locais fechados. Ao levantar as restrições, a África do Sul criou uma experiência que abrange toda a população na pandemia, disse de Oliveira.
“A principal pergunta que a África do Sul deve responder é: Será que as novas linhagens e variantes irão causar mais internamentos e mortes ou apenas infecções?,” publicou no Twitter. “Iremos manter um foco semelhante a um laser na ciência e seguir as métricas de internamentos e de mortes na África do Sul.”