EQUIPA DA ADF
A subvariante BA.2 da estirpe Ómicron da COVID-19, que é altamente transmissível e que possui um elevado número de mutações passou a ser a estirpe dominante na África do Sul e está a propagar-se de forma rápida.
“É realmente incrível a forma rápida através da qual a variante Ómicron superou a [variante] Delta no mundo,” Dra. Maria Van Kerkhove, epidemiologista da Organização Mundial de Saúde (OMS), disse durante uma recente conferência de imprensa sobre o estado da COVID-19.
Desde que a variante Ómicron primeiramente apareceu em Novembro de 2021, pesquisadores detectaram quatro subvariantes, com a estirpe BA.2 a demonstrar a maior habilidade de propagar-se e superar a estirpe original, BA.1.
Até meados de Fevereiro, 75% dos países africanos tinham registado pelo menos um caso de Ómicron. O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças faz o rastreio das principais variantes, mas não regista as subvariantes. Em nove países, a variante Ómicron criou uma quinta vaga de infecções.
“Se um país ainda não tiver registado a variante [Ómicron], não é porque ela ainda não esteja lá,” Director do Africa CDC, Dr. John Nkengasong, disse recentemente. “É porque o seu sistema de vigilância não é suficientemente forte.”
Os casos de Ómicron da África do Sul atingiram o pico no dia 18 de Dezembro, cerca de um mês depois de ela ter sido primeiramente registada. O declínio começou de forma igualmente rápida, mas não desceu até os níveis inferiores que as autoridades esperavam.
Van Kerkhove disse que a preocupação da OMS é de que a BA.2 possa causar um novo aumento de casos da variante Ómicron em países como África do Sul, onde a estirpe BA.1 já atingiu o pico ou já passou.
“Estamos a observar não apenas a rapidez com que se atinge estes picos, mas também a rapidez com que baixam,” disse Van Kerkhove. Um declínio lento pode significar que a subvariante BA.2 esteja a propagar-se.
Fazer o rastreio da BA.2 e de outras subvariantes da Ómicron tornou-se difícil em parte porque os testes da COVID-19 começaram a diminuir.
“Não podemos lutar contra este vírus se não soubermos o que ele está a fazer,” o Director-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse durante uma recente conferência de imprensa.
Os testes de sangue sugerem que a variante Ómicron é mais abrangente do que os testes revelam, de acordo com a OMS.
Nkengasong comunicou que as testagens de África reduziram em 14% em comparação com os recordes anteriores. Noutros lugares, as testagens reduziram ainda mais.
As mortes pela COVID-19, incluindo aquelas causadas pelas variantes Ómicron e Delta, estão a aumentar. Em meados de Fevereiro, 75.000 pessoas morreram de COVID-19 no mundo inteiro. Com o pico da pandemia, 110.000 pessoas morreram numa única semana.
“Estamos a ver o número de casos a parecer que está a diminuir e, mesmo assim, o número de mortes está a aumentar,” disse o Dr. Mike Ryan, director-executivo da OMS para emergências sanitárias.
Com os países a reabrirem, os cidadãos sentem menos pressão para se submeterem aos testes, disse Ryan.
Como reflexo desta nova realidade, a África do Sul recentemente anunciou o fim de restrições a nível nacional a favor de uma abordagem localizada que pode combater os surtos.
Ryan disse que o que funciona para um país pode não funcionar para um outro. Todos os países precisam de criar o seu próprio caminho para saírem da pandemia, disse.
“Nem todos os caminhos são uma linha recta,” disse.
Na África do Sul, de acordo com pelo menos um estudo, 80% da população esteve exposta à COVID-19, fornecendo uma imunidade generalizada à infecção. Outros países possuem números muito mais baixos de exposição ou de imunidade.
“Neste momento, estamos num período de grandes incertezas,” disse Ryan. “A necessidade de abrir é tão grande que pode se dar o caso de ultrapassarmos os limites da pista.”