EQUIPA DA ADF
Tendo causado “um efeito brutal” sobre África, a COVID-19 parece estar a sair da fase de pandemia e as autoridades sanitárias poderão ser capazes de gerir a doença a longo prazo, de acordo com a directora regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África.
A Dra. Matshidiso Moeti fez o anúncio durante uma conferência de imprensa do dia 10 de Fevereiro. Citando as estatísticas do Banco Mundial, Moeti disse que a pandemia, que ceifou mais de 247.000 vidas no continente, também tinha empurrado 40 milhões de africanos para a pobreza.
“A pandemia está a passar para uma fase diferente,” disse Moeti. “Pensamos que estamos agora a passar … para aquilo que pode tornar-se um tipo de vida endémica com o vírus. Nos últimos dois anos, o continente africano ficou mais sábio, mais rápido e melhor na resposta a cada um dos novos aumentos de casos de COVID-19. Contra todas as expectativas … enfrentamos a tempestade da COVID-19 com resiliência e determinação.”
O ponto de vista optimista de Moeti quanto a potencialmente se estar a alcançar a fase endémica da COVID-19 em África foi atenuado pelo Director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que dias antes disse que era prematuro para os países pensarem que o fim da pandemia estava iminente.
“Onde quer que as pessoas se encontrem, a COVID ainda não terminou para nós,” disse Tedros numa reportagem da Al-Jazeera, acrescentando que provavelmente irão aparecer novas variantes.
Moeti também reconheceu que o número de infecções pela COVID-19 em África pode ser sete vezes superior ao que sugerem os dados oficiais, e as mortes até três vezes mais, devido a deficiências da vigilância e falta de acesso a materiais de testagem.
Por volta da mesma época em que Moeti fez os seus comentários, em finais de Janeiro, o imunologista malawiano, Kondwani Jambo, do Programa de Investigações Clínicas da Malawi-Liverpool-Wellcome Trust, divulgou um estudo que revelou que uma vasta maioria de malawianos estava infectada muito antes de a variante Ómicron ter sido detectada em Novembro.
“Fiquei muito chocado,” disse Jambo ao canal National Public Radio.
Na altura, Jambo disse que tinham passado meses desde que o Malawi tinha entrado para algo que se assemelha a um estágio endémico da pandemia, quando a COVID-19 seria mais uma doença previsível da época, como uma constipação ou uma gripe. Jambo disse que era provável que uma combinação da estirpe original do coronavírus, as variantes Beta e Delta tenham trabalhado “para neutralizar esta variante Ómicron como doença grave.”
No dia 10 de Fevereiro, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou que iria pôr termo ao estado de calamidade pública daquele país, relacionado com a pandemia, que durou 22 meses, observando que já tinha eliminado quase todas as restrições económicas e socias.
“A nossa abordagem foi informada ao longo de todo o processo pelas melhores provas cientificas disponíveis, e nós nos destacamos tanto pela qualidade quanto pelo envolvimento em cada passo da nossa resposta,” disse Ramaphosa. “Agora estamos prontos para entrar numa nova fase da nossa gestão da pandemia.”
De acordo com as Nações Unidas, a capacidade de África de gerir a COVID-19 registou boas melhorias, graças a um aumento da disponibilidade de profissionais de saúde formados, oxigénio e materiais médicos. O número de camas da unidade de cuidados intensivos aumentou no continente, de 8 por cada 1 milhão de pessoas em 2020 para 20 por cada 1 milhão de pessoas em Fevereiro de 2022.
A OMS também ajudou a aumentar o número de unidades de produção de oxigénio em África de 68 para 115, como também apoiou na reparação, manutenção e aquisição de novas instalações de oxigénio, de acordo com a ONU.