EQUIPA DA ADF
Com dois anos de pandemia da COVID-19, a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) está a apelar as pessoas a evitarem ser complacentes.
A pandemia está longe de ter terminado, Dra. Soumya Swaminathan disse à imprensa durante a recente visita da OMS à África do Sul.
“Já vimos o vírus a evoluir e a realizar mutações … por isso sabemos que haverá mais variantes, mais variantes de preocupação, pelo que não estamos no fim da pandemia, disse Swaminathan.
Ela deu o seu alerta numa altura em que os países de todo o mundo tinham começado a baixar as restrições primeiramente impostas depois de a OMS ter declarado a pandemia global em Março de 2020.
Uma preocupação principal contra a COVID-19 — a testagem — começou a registar um declínio no mundo inteiro, o que faz com que seja difícil de detectar potenciais novas variantes. As autoridades de saúde pública continuam firmes em recomendar que as pessoas usem máscaras, lavem as mãos com frequência e evitem locais aglomerados para reduzir a propagação da COVID-19. É por isso que cada nova infecção cria uma nova oportunidade para que o vírus realize mutações, transformando-se numa variante que pode vencer a imunidade.
A mais recente vaga de infecções motivadas pela variante Ómicron ainda está a propagar-se por África e pelo mundo e a criar novas subvariantes à medida que avança. Até inícios de Março, 43 países africanos tinham registado alguma versão da variante Ómicron, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África ACDC). A variante mortal Delta também continua a circular amplamente pelo mundo.
Especialistas estão a estudar com muita atenção a subvariante BA.2 da Ómicron, que rapidamente tornou-se na estirpe dominante na África do Sul. A BA.2 é mais contagiosa do que as outras variantes, mas aparenta ser menos letal, especialmente para pessoas com alguma forma de imunidade.
De acordo com o Africa CDC, o continente já registou 11,2 milhões de casos de COVID-19 desde o início da pandemia. Desses, aproximadamente 250.000 pessoas morreram. Mas a estimativa do número de mortes pode ser cerca de um terço do real número total, de acordo com os investigadores que fazem o rastreio da contagem de mortes pelo continente.
Na África do Sul, por exemplo, as mortes em excesso — definidas como o número de mortes acima do que é considerado normal — triplicou desde o início da pandemia.
Desde que começou a vaga da Ómicron, por volta dos finais de Dezembro de 2021, os números de mortes em excesso daquele país reduziram para cerca de 20% acima do normal, de acordo com o Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul.
Os dados do conselho demonstram que os casos de COVID-19 atingiram um pico a cada seis meses, desde que a pandemia começou. Cada vaga é separada por cerca de três meses de tréguas no número de casos e de mortes.
Os colegas de Swaminathan na OMS alertaram que as pessoas deviam continuar a levar a COVID-19 a sério.
Embora tenha feito um menor número de vítimas mortais do que a sua predecessora, a variante Ómicron ainda pode ser mortal para aqueles que não têm imunidade, disse a Dr. Maria Van Kerkhove, técnica-chefe da OMS para a sua luta contra a COVID-19.
“Até esta altura com a pandemia, muitas pessoas estão a morrer,” disse Kerkhove durante uma recente conferência de imprensa.
O Dr. Mike Ryan, director-executivo do programa de emergência de saúde da OMS, disse que os governos e os cidadãos devem ser cautelosos ao baixarem a sua guarda contra a COVID-19 de forma muito rápida.
“A vontade de abrir é tão grande que podemos sobrecarregar a pista,” disse Ryan durante uma conferência de imprensa. “Será difícil colocar de volta as salvaguardas que estão em vigor caso surja um novo surto.”