EQUIPA DA ADF
Os confinamentos obrigatórios rigorosos deixaram de ser uma forma eficaz para conter a propagação da COVID-19, de acordo com o director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
O pronunciamento de John Nkengasong foi feito numa conferência de imprensa, durante a qual ele elogiou a abordagem de confinamentos obrigatórios menos rigorosos da África do Sul, numa altura em que a variante Ómicron da COVID-19 se propagava pelo país em meados de Dezembro.
“Ficamos muito encorajados com o que vimos na África do Sul durante este período em que eles olham para os dados em termos da gravidade [das infecções],” disse Nkengasong. “O período em que utilizamos confinamentos obrigatórios rigorosos como uma ferramenta chegou ao fim.”
Pouco depois de ter sido detectada a variante Ómicron em Novembro, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, apelou o povo para não entrar em pânico, porque a maioria dos pacientes do país estava a experimentar sintomas mais ligeiros do que aqueles produzidos pelas estirpes anteriores. Ele falou sobre o assunto durante uma viajem para o Gana no início de Dezembro.
“Os nossos internamentos nos hospitais não estão a aumentar numa escala alarmante, significando que, apesar de as pessoas estarem a testar positivo, elas não estão a ser internadas em grandes números nos hospitais,” disse Ramaphosa numa reportagem do canal sul-africano de notícias, SABC News. “Por essa razão, eu digo que não devemos entrar em pânico, porque é possível que, embora a Ómicron seja mais virulenta e se propague, parece que não está a resultar num número significativo de internamentos, pelo que devemos ficar firmes.”
Quando a quarta vaga de infecções da África do Sul alimentada pela variante Ómicron atingiu um recorde em Dezembro, o governo não impôs restrições rigorosas, diferentemente das estirpes anteriores.
Depois de a vaga ter atingido o pico em finais de Dezembro, Ramaphosa encerrou o toque de recolher obrigatório que durava toda a noite, reabriu as escolas e permitiu que mais pessoas participassem de aglomerados públicos, embora a estirpe altamente contagiosa ainda estivesse a causar novas infecções.Até inícios de Janeiro, a África do Sul tinha registado uma redução consistente do número de novos casos.
COVID-19 Promoveu Novas Iniciativas
Para reduzir os efeitos dos surtos da COVID-19, o Africa CDC criou a Força-Tarefa Africana para o Coronavírus, que se reuniu com o Gabinete da Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana para rever a resposta do continente à pandemia.
Através desta coordenação, África criou várias iniciativas para o combate à COVID-19, incluindo a Parceria para Aceleração dos Testes da COVID-19 em África, que ajudou a garantir que houvesse diagnósticos, e a Plataforma Africana de Suprimentos Médicos, que ajudou a adquirir materiais médicos importantes.
“Em princípio, África pôde fazer uso dos ganhos impressionantes que conquistou na vigilância e prontidão de saúde pública em relação aos surtos nestes últimos anos,” Nkengasong e Christian Happi, director do Centro Africano de Excelência de Genómica de Doenças Contagiosas, escreveram num artigo de Janeiro para a revista Nature. “Conseguiu investir suficientemente em bens para garantir a sua segurança sanitária e posicionar-se como um líder mundial na luta contra doenças contagiosas.”
Tal abordagem irá ajudar a controlar a COVID-19, assim como outras doenças contagiosas e outras futuras pandemias, de acordo com a revista médica The Lancet Infectious Diseases.