EQUIPA DA ADF
Enquanto a pandemia da COVID-19 entra no seu terceiro ano, os próximos 12 meses podem ser um tempo de esperança, mas também de incertezas, numa altura em que os países africanos continuam a batalhar contra as demandas colocadas por esta doença.
Eis algumas das coisas que a África pode esperar no terceiro ano da COVID-19:
A COVID-19 torna-se endémica
Enquanto o número de pessoas com imunidade cresce, a propagação da covid-19 provavelmente venha a reduzir, mas não parar completamente. Os epidemiologistas afirmam que este pode ser o ano em que a COVID-19 deixa de ser pandémica para ser endémica, significado que o número de casos anuais reduz e torna-se apenas mais uma na lista de doenças contagiosas do mundo, como a malária, constipação comum ou gripe. Assim como a gripe, a COVID-19 pode continuar a ser uma doença que pode potencialmente matar durante muitos anos e as pessoas com condições subjacentes ou sistemas imunológicos enfraquecidos estarão em maior risco.
As economias permanecem frágeis
Enquanto o mundo sai da pandemia, a demanda pelo petróleo está a dar uma luz ao panorama económico para os grandes exportadores como Angola e Nigéria. Mas permanecem nuvens no horizonte, Irmgard Erasmus, economista financeira sénior da Oxford Economic Africa, disse à ADF.
Alguns bens, como o cobre, podem registar queda de preços devido ao aumento dos fornecimentos. As forças económicas estrangeiras, como os aumentos das taxas de juro na América do Norte e os mercados imobiliários inflacionados da Ásia, podem reduzir as possibilidades de uma forte recuperação para os países africanos. As futuras proibições de viagens, como aquela que foi imposta depois de a África do Sul ter anunciado a descoberta da variante Ómicron, também podem impedir que as economias de África floresçam, particularmente aquelas que dependem do turismo.
“Tendo dito isto,” disse Erasmus, “as economias mais diversificadas, como a do Quénia, estarão comparativamente melhor posicionadas em caso de uma outra potencial ronda de proibições de viagens, parcialmente devido à sua rápida adaptação ao clima da pandemia.”
A instabilidade económica provavelmente venha a ampliar a lacuna entre as economias mais tecnologicamente integradas de África e as suas economias menos avançadas, acrescentou ela.
Mais variantes
Apesar de repetidos apelos dos líderes de saúde pública para que as pessoas protejam a si próprias e aos seus familiares, o continente africano recentemente ultrapassou a marca de 10 milhões de casos de COVID-19.
As pessoas com sistemas imunológicos comprometidos pelo HIV/SIDA, tuberculose e outras doenças crónicas criam um laboratório potencial para que novas variantes com elevado número de mutações possam emergir. As pessoas com sistema imunológico enfraquecido levam mais tempo para lutar contra uma infecção, dando ao vírus mais tempo para mudar as suas tácticas em forma de novas variantes. Cada variante oferece uma outra oportunidade para que o vírus escape da imunidade natural e da imunidade adquirida.
Os vírus tendem a reduzir na sua virulência enquanto evoluem, mas este nem sempre é o caso, de acordo com o Dr. Andrew Freedman, um especialista em matéria de doenças contagiosas, da Escola Médica da Universidade de Cardiff, no Reino Unido.
“Pode ser o caso para futuras variantes que elas sejam ainda mais contagiosas, podem ser mais ligeiras, mas não podemos afirmar isso com toda a certeza,” disse Freedman à CNBC.
Antivirais Feitos em África
Em 2021, as empresas farmacêuticas Merck e Pfizer anunciaram que tinham desenvolvido tratamentos antivirais em forma de comprimidos para a COVID-19. Os tratamentos são mais eficazes se tomados depois de um teste confirmar uma infecção.
Em Novembro, a Pfizer anunciou que iria permitir que os seus comprimidos antivirais fossem fabricados em aproximadamente 100 países de renda média e baixa.
A Aspen Pharmaceuticals, da África do Sul, esteve entre os primeiros do continente a expressar interesse na produção do tratamento. Stephen Saad, director-executivo da Aspen, disse que a empresa pretende requerer para produzir o comprimido como um medicamento genérico. Contudo, em finais de 2021, Saad não tinha certeza sobre quando a produção poderia iniciar.
O tratamento da Pfizer consiste em 30 comprimidos para serem tomados ao longo de cinco dias. Um terço dos comprimidos são ritonavir, um medicamento amplamente produzido para o HIV, que irá prolongar a vida do outro medicamento quando este estiver dentro do corpo.
Menos confinamentos obrigatórios
Os confinamentos obrigatórios rigorosos, a nível nacional, que os países africanos utilizaram em 2020 para reduzir a propagação da COVID-19 interromperam a vida diária e os calendários escolares e produziram dificuldades económicas generalizadas. Eles demonstraram ser menos eficazes para acabar com futuras vagas de infecção.
Como resultado, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) não irá mais recomendar os confinamentos obrigatórios para combater a COVID-19.
“O período de utilizarmos confinamentos obrigatórios rigorosos como uma ferramenta já terminou,” Dr. John Nkengasong, director do Africa CDC, disse em inícios de Janeiro. “Na verdade, devemos estar à procura de como utilizar as medidas de saúde pública e sociais de forma mais cuidadosa e equilibrada.”