Grupo Wagner da Rússia Recusa-se a Abandonar a Líbia

EQUIPA DA ADF

Combatentes do Grupo Wagner, da Rússia, quebraram o cessar-fogo na guerra da Líbia quando recentemente sobrevoaram, numa aeronave, sobre a cidade de Sirte, de acordo com o The Libya Observer.

No dia 10 de Abril, os observadores que estavam no terreno publicaram um vídeo nas redes sociais de um jacto MiG a cruzar os céus em alta velocidade, por cima da cidade, apesar do cessar-fogo que começou em Outubro de 2020 e da criação de um Governo de Unidade Nacional, em Março de 2021.

O Grupo Wagner continua a apoiar o General Khalifa Haftar, cujas forças militares serviram o governo do leste nos passados sete anos. Haftar não faz parte do Governo de Unidade Nacional.

O acto de sobrevoar é a mais recente acção das forças Wagner para minar as tentativas de resolução das divisões da Líbia. O acto de sobrevoar viola o cessar-fogo negociado pela Comissão Militar Conjunta 5+5 que representa o internacionalmente reconhecido antigo Governo do Acordo Nacional de Trípoli e os seus oponentes sediados em Tobruk. O novo governo foi aprovado em Março numa reunião da Casa dos Representantes, em Tobruk.

Tropas que trabalham a favor do Governo de Unidade Nacional começaram a desminar a região próxima de Sirte. OPERAÇÃO VULCÃO, DA RAGE MEDIA ROOM

Por volta da mesma altura, os líderes interinos da Líbia e o enviado especial das Nações Unidas para a Líbia repetiram a mensagem que primeiramente anunciaram, em Janeiro, para os combatentes apoiados por estrangeiros no país.

“Exigimos que todos os mercenários saiam imediatamente das terras líbias,” anunciou o Ministro dos Negócios Estrangeiros interino, Najla al-Mangoush, no dia 17 de Março.

Mais de um mês depois, o pessoal do Grupo Wagner encontra-se entre uma estimativa de 20.000 combatentes estrangeiros que não demonstram quaisquer sinais de sair da Líbia. O Grupo Wagner pretende reforçar os números de combatentes estrangeiros, em finais de Abril, trazendo outras centenas de mercenários sírios para se juntarem à luta, a favor de Haftar, de acordo com o Daily Sabah, da Turquia.

As forças Wagner também estão a pressionar as tribos do sul da Líbia a virarem-se contra o Governo de Unidade Nacional e apoiarem Haftar. A pressão vem com uma ameaça de que os combatentes do Wagner irão virar as suas armas contra as tribos com a pretensão de lutar contra o Estado Islâmico, caso se recusem a ficar do lado de Haftar, de acordo com o Daily Sabah.

O Grupo Wagner esteve estreitamente aliado a Haftar durante anos, embora Haftar tenha afirmado que as suas tropas são todas compostas por líbios. Wagner apoiou o assalto de 14 meses, que não logrou sucesso, de Haftar contra Trípoli, que iniciou em 2019. Aquele assalto terminou em meados de 2020 quando Haftar e Wagner foram obrigados a sair dos subúrbios do sul de Trípoli.

Enquanto as tropas de Haftar se retiravam, os residentes que regressavam aos seus bairros comunicaram ter encontrado engenhos explosivos e minas terrestres, de origem russa, não detonados.

As forças do Grupo Wagner ajudaram as forças de Haftar a tomar e reter a cidade portuária essencial de Sirte, que alberga infra-estruturas cruciais de extracção de petróleo. Depois de sair da cidade, de forma rápida, no início deste ano, as forças Wagner regressaram em Março, pouco depois de o Governo de Unidade Nacional ter sido criado.

As tropas do Grupo Wagner cavaram uma trincheira fortificada de 70 quilómetros entre Sirte e Al Jufra, uma fortaleza do Wagner. A trincheira inclui posições defensivas ao longo daquela que era a linha da frente no conflito entre as facções rivais da Líbia. Também passa pelo coração da Crescente de Petróleo da Líbia, a região costeira onde estão localizados muitos dos terminais de petróleo .

Alguns observadores consideram a manobra como uma tentativa de dar ao Wagner — e, por extensão, à Rússia — o controlo sobre parte da indústria do petróleo da Líbia, ligando os campos de petróleo do El Sharara do sul com as instalações de exploração de petróleo em Sirte, que estiveram sob o controlo do Wagner por mais de um ano.

O Primeiro-Ministro Interino, Abdul Hamid Dbeibah, chamou a presença contínua do Grupo Wagner e de outros combatentes de “uma punhalada nas nossas costas.”

William Lawrence, professor da Universidade Americana em Washington, D.C., disse ao serviço de notícias TRT World, da Turquia, que a presença de combatentes estrangeiros é uma grande barreira para o sucesso do governo da unidade.

“Eles ainda estão lá e não vão para lado algum,” disse Lawrence. “Enquanto aqueles saqueadores estiverem ali, a guerra pode eclodir mais uma vez.”

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