Tijjani Muhammad Bande, da Nigéria, presidente da 74ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, discursou no dia 20 de Maio de 2020, como parte da Série de Diálogos sobre África acerca de “COVID-19 e Silenciar as Armas em África: Desafios e Oportunidades.” Os seus comentários foram editados para se adequarem a este formato.
A COVID-19 trouxe uma perturbação nunca antes vista desde a criação das Nações Unidas. Expresso o meu profundo sentimento de pesar para aqueles que perderam os seus familiares por causa da COVID-19 e desejo uma recuperação rápida e completa para aqueles que estão a lutar com o vírus.
Os desafios que esta doença representa são multidimensionais e apenas podem ser enfrentados de forma eficaz através da promoção de acções multilaterais, para garantir, de forma colectiva, a mitigação dos seus impactos a nível da saúde e da economia. Isso pode acontecer com parcerias activas.
Uma resposta firme e coordenada é importante para assegurar que, entre outros, a pandemia não afecte negativamente os nossos planos para silenciar as armas em África.
É, contudo, importante que, na nossa resposta rápida para a pandemia e nos nossos planos a longo prazo, possamos abordar os nexos desenvolvimento-paz e defender os direitos humanos. Enquanto enfrentamos dificuldades socioeconómicas devido à COVID-19, devemos continuar a prestar atenção às necessidades dos mais vulneráveis, porque eles, muitas vezes, enfrentam maiores dificuldades durante os tempos difíceis. Enquanto muitas famílias perdem o seu rendimento durante estas dificuldades, os governos em todo o mundo devem continuar a priorizar o bem-estar socioeconómico e mental dos seus cidadãos, uma vez que estes são fundamentais para o silenciamento das armas em qualquer lugar, especialmente em África.
Não podemos permitir que o desemprego e a exclusão ponham em causa os nossos esforços de paz. Devemos também reverter o aprofundamento das desigualdades que afectam todos os grupos minoritários, colocando sobre eles uma pressão enorme e empurrando-os ainda mais para a pobreza e a forme.
Devemos também priorizar os programas de assistência alimentar e assistência aos agricultores e produtores de alimentos para garantir a segurança alimentar para as pessoas a quem servimos. Uma vez que milhares de crianças dependem de programas de distribuição de alimentos nas escolas, há uma necessidade de garantir que não permitamos que esta pandemia corte os fornecimentos de produtos alimentares.
Devemos também garantir a continuidade do ensino para os alunos em África e priorizar a integração de tecnologias de informação e comunicação no ensino quando estivermos a lidar com as necessidades de infra-estruturas. As pessoas com menos de 25 anos de idade representam o maior grupo demográfico na maioria dos países em desenvolvimento e estão mais vulneráveis à radicalização. Então, devemos tomar medidas urgentes para garantir que a pandemia não abra uma porta para o aumento do recrutamento de extremistas.
Os desafios da dívida existente aliados aos choques económicos e financeiros causados pela COVID-19 põem em causa a sustentabilidade da dívida pública externa de muitos países. Tendo em conta estes pontos, prevenir uma série de incumprimentos e crises generalizadas é de extrema importância. É com base nisso que o congelamento e/ou cancelamento de dívidas e outras medidas são colocadas em vigor para lidar com a crise da COVID-19.
Seremos definidos pelas nossas acções, e eu faço um apelo a todos para que possamos agir agora de modo a criarmos um futuro melhor e um mundo melhor para todos.
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