A Enfrentar Múltiplas Crises, Sudão Recebe Uma Mão Amiga
EQUIPA DA ADF
Enquanto enfrenta uma crise após outra, o Sudão declarou um estado de emergência de três meses, no início de Setembro, quando o país enfrentava as suas piores inundações em 30 anos.
Chuvas torrenciais e inundações repentinas afectaram mais de 875.000 pessoas e resultaram em pelo menos 150 mortes. Milhares de terras de cultivo e dezenas de milhares de culturas foram destruídas no período de pico da época agrícola no Sudão, enquanto milhares de famílias experimentavam uma grave insegurança alimentar.
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) comprometeu-se em apoiar com 60 milhões de dólares em ajuda humanitária às vítimas das inundações do dia 30 de Outubro.
“A USAID irá trabalhar com organizações não-governamentais e parceiros internacionais para ajudar a lidar com necessidades urgentes causadas pelas inundações históricas, que destruíram milhares de hectares de terras cultivadas, casas e escolas do Sudão, assim como deixaram aproximadamente um milhão de pessoas em necessidade, precisando de ajuda humanitária,” disse a agência num comunicado de imprensa. “Este apoio incluirá ajuda de emergência de salvamento em forma de alimentos, abrigo e meios de subsistência,”
Os Estados Unidos também estão a trabalhar no sentido de dar acesso à água potável e limpa, saneamento e material de higiene para prevenir doenças com origem nas águas que aparecem durante as inundações. Sendo o maior doador de assistência humanitária para o Sudão, os Estados Unidos doaram mais de 496 milhões de dólares em 2020 para apoiar aqueles que sofreram o impacto das inundações, secas, gafanhotos do deserto, pandemia do coronavírus e seus efeitos económicos.
A inflação atingiu cerca de 170% em Agosto, de acordo com o Gabinete Central de Estatísticas do Sudão, enquanto a carência de bens de consumo, nomeadamente produtos alimentares, cuidados de saúde e combustíveis, foi causada pelos aumentos nos preços, tendo afectado os mais vulneráveis do país.
“A maior parte das famílias do Sudão já gastou 65% do seu rendimento com produtos alimentares,” disse o porta-voz Jens Laerke, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assistência Humanitária. “Por isso, estas subidas nos preços provocaram o aumento da fome e menos educação, saúde e outros serviços que as famílias retiram da lista de prioridades quando tentam lidar com as dificuldades causadas pela situação económica.”
A Embaixada dos EUA em Cartum disse, no dia 4 de Outubro, que estava a trabalhar com a Organização Internacional das Nações Unidas para a Migração a fim de preparar 30.000 cobertores, 30.000 recipientes de água, 1.500 rolos de plástico para cobertura — o suficiente para fornecer abrigo de emergência a 75.000 pessoas — para serem distribuídos a dezenas de milhares de sudaneses afectados pelas inundações.
Tudo isso vem numa altura em que o Sudão continua a enfrentar a transição do seu jovem governo para a democracia, que começou em 2019, com a queda do ditador Omar al-Bashir.
Os EUA também forneceram ajuda para apoiar a transição, com o Administrador Interino da USAID, John Barsa, a comprometer-se em apoiar com 356,2 milhões de dólares em assistência, no dia 25 de Junho.
No dia 19 de Outubro, os EUA anunciaram planos para retirar o país da sua lista de Estados patrocinadores do terrorismo, onde esteve desde 1993. Esta acção faria com que o Sudão voltasse a ter acesso ao apoio estrangeiro, alívio da dívida e assistência militar.
O Primeiro-Ministro, Abdalla Hamdok, continua concentrado a navegar pelas conturbadas águas do seu país.
“Este período de transição da jovem e gloriosa revolução está a experimentar muitas dificuldades, que requerem o apoio da comunidade internacional,” disse na Assembleia Geral da ONU, no dia 26 de Setembro.” “A nossa esperança é de que sejamos capazes de levar a cabo os projectos de reconstrução e reforma para que o Sudão possa mais uma vez tornar-se um interveniente activo a nível regional e possa contribuir para a comunidade internacional e trabalhar para criar o futuro que queremos.”
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