Médicos Alertam Sobre os Sintomas da Ómicron

EQUIPA DA ADF

Quando a Dra. Angelique Coetzee se apercebeu inicialmente daquilo que se soube que era a nova variante da COVID-19 na África do Sul, no ano passado, tratava-se de um conjunto de sintomas desconhecidos que despertaram a sua curiosidade.

Coetzee, uma médica de um hospital privado e antiga presidente da Associação Médica da África do Sul, atendeu 30 pacientes num período de 10 dias, em Novembro de 2021, incluindo um número de jovens saudáveis que vieram para a sua clínica “sentindo-se muito cansados.”

“A queixa mais predominante em termos clínicos é fadiga severa por um ou dois dias,” disse ela ao serviço de notícias da Reuters. “Com ela, a dor de cabeça e as dores no corpo.”

Todos eles testaram positivo para a variante Ómicron.

Coetzee disse que os pacientes também se queixavam de irritações na garganta e tosse seca. Apenas alguns tiveram um ligeiro aumento de temperatura.

Os sintomas associados à Ómicron substituíram os sintomas da variante Delta e da estirpe original da COVID-19.

Esta mudança de sintomas alertou Coetzee, que não tinha visto quaisquer sinais da doença por oitos a 10 semanas quando sete pacientes apareceram no seu gabinete, no dia 18 de Novembro, com sinais de uma infecção viral.

“Começou com um paciente do sexo masculino com cerca de 30 a 31 anos de idade, que raras vezes vinha à consulta,” disse à BBC. “Ele disse que estava extremamente cansado já há vários dias, tinha dores no corpo com um pouco de dor de cabeça, não chegava a ser uma dor na garganta, mas mais uma descrição semelhante a uma irritação.

“Não tinha perda de olfacto ou paladar.”

Ela submeteu o homem e toda a sua família ao teste — todos testaram positivo.

“Todos eles tinham sintomas muito, muito ligeiros,” disse. “Pelo resto do dia, atendi mais pacientes com o mesmo tipo de sintomas e todos testaram positivo.”

Ela alertou o ministério de saúde e, dias depois, foi anunciada a variante Ómicron durante uma conferência de imprensa virtual orientada pelo Departamento de Saúde da África do Sul.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que a África do Sul tinha registado 77 dos 87 casos confirmados da Ómicron, no dia 25 de Novembro de 2021.

“O que estamos a ver em termos clínicos, na África do Sul — e recorde-se que eu estou no epicentro disto no local onde trabalho como médica — é extremamente ligeiro para nós,” disse Coetzee, no dia 28 de Novembro. “Ainda não internamos ninguém. Falei com outros colegas meus e eles deram-me o mesmo cenário.”

Ela disse que nenhum dos seus pacientes apresentou a mesma necessidade de oxigénio suplementar, frequência cardíaca elevada ou perda de olfacto ou de paladar que os médicos viram com os pacientes infectados com a variante Delta.

“É totalmente diferente da Delta,” Coetzee disse à página da internet da Global News, do Canadá, em Dezembro de 2021. “É muito semelhante aos sintomas de uma gripe ou um resfriado.

“Eles não têm uma tosse severa e não têm secreções ou congestão nasal, como acontece num caso de infecção do tracto respiratório superior.”

Quando apareceu, a subvariante BA.2 da Ómicron demonstrou aos investigadores sinais claros de que era mais contagiosa do que as suas predecessoras.

Agora, a BA.5 da Ómicron é dominante em todo o mundo.

Mais da metade dos casos a nível mundial são atribuídos à subvariante BA.5, comunicou a OMS, em Julho de 2022.

Os especialistas afirmam que os sintomas da BA.5 parecem estar mais associados a problemas do tracto respiratório superior, porque o vírus leva mais tempo nas passagens nasais e outras partes do sistema respiratório acima dos pulmões.

Os cinco sintomas que se apresentam nos primeiros estágios da infecção pela Ómicron são fadiga, dor de cabeça, dores na garganta, febre e sintomas gastrointestinais como náusea, vómitos e diarreia.

O Dr. Sikhulile Moyo, director de laboratório no Botswana, que dirigiu a equipa que identificou a variante Ómicron, disse que a Ómicron tinha-se propagado de forma tão rápida pelo mundo por causa da forma como ela se transmite com mais facilidade de um sistema respiratório para o outro.

“A BA.4 e a BA.5 são mestres em termos de evadir-se da fúria do sistema imunológico,” disse à Rádio Pública Nacional (NPR). “As subvariantes foram capazes de suscitar uma resposta imunológica, mas com magnitudes inferiores em relação ao que vimos anteriormente.”

Desde a sua descoberta, Moyo não apenas teve a COVID-19 e desenvolveu sintomas de COVID longa, mas também registou os sinais preocupantes de que a imunidade natural contra a variante dominante estava a diminuir.

“Até que ponto podemos aguentar com os actuais níveis de imunidade?” questionou na NPR. “Pode ser um pouco complicado. Muitas pessoas estão a passar dias em casa e [a desenvolver] a COVID longa posteriormente.”

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