Nevoeiro Cerebral Pode Ser Parte da Recuperação da COVID-19

EQUIPA DA ADF

Para milhões de pessoas, recuperar-se da sua infecção inicial de COVID-19 é apenas o começo. Os meses que se seguem podem incluir um conjunto de problemas de saúde debilitantes, incluindo uma condição conhecida como “nevoeiro cerebral.”

Embora o nome não seja um termo médico, o nevoeiro cerebral vem com uma mistura de sintomas que afecta a capacidade de alguém pensar com clareza, tomar decisões, concentrar-se em tarefas e lembrar-se de coisas.

O nevoeiro cerebral faz parte de um conjunto de sintomas pós-infecção que se tornaram conhecidos como COVID longa e podem durar meses depois de uma pessoa ter recuperado da infecção inicial. Os investigadores estimam que cerca de 43% da população que se recupera da COVID-19 irá desenvolver alguma forma de COVID longa. Os problemas de memória, que são uma característica do nevoeiro cerebral, são o segundo sintoma mais comum registado da COVID longa depois do cansaço generalizado.

Com aproximadamente 11,2 milhões de africanos tendo-se recuperado da COVID-19, a COVID longa tem o potencial de continuar a ser uma condição crónica e que muda a vida de milhões de pessoas em todo o continente.

Um estudo internacional publicado em meados de 2021 pelo jornal eClinicalMedicine, do The Lancet, analisou o impacto da COVID longa nas pessoas que a experimentaram. O nevoeiro cerebral foi um sintoma para 85% das pessoas neste estudo. Aproximadamente 90% das pessoas que apresentaram nevoeiro cerebral disseram que a sua capacidade de fazer o seu trabalho e de seguir com as suas vidas diárias tinha ficado afectada.

Cerca de dois terços daqueles disseram ter desenvolvido nevoeiro cerebral nos três meses depois de terem recuperado da sua infecção pela COVID-19. Mais de metade registou sintomas de nevoeiro cerebral sete meses depois de ter recuperado da infecção inicial.

Ressonâncias magnéticas dos cérebros dos participantes do estudo não demonstraram ter algo em falta em 87% dos casos — um factor que fez com que alguns médicos descartassem os sintomas da COVID longa como sendo algo psicológico em vez de físico.

Um estudo da COVID longa de 2022 concluiu que sintomas como nevoeiro cerebral podem persistir por até 15 meses.

Com isso em mente, os investigadores sugerem que pessoas afectadas com nevoeiro cerebral depois da infecção pela COVID-19 devem tomar providências para aliviar as dificuldades que a condição cria. Algumas das adaptações a terem em conta são:

  • Planificar o dia e criar uma rotina.
  • Andar devagar para evitar activar a fadiga ou a exaustão.
  • Permanecer activo — os exercícios aumentam o fluxo de oxigénio para o cérebro e melhoram a saúde em geral.
  • Comer bem, com enfoque para os alimentos que combatem a inflamação.

A causa exacta do nevoeiro cerebral e de outros sintomas da COVID longa continua incerta.

Um estudo do Instituto Nacional de Saúde dos EUA concluiu que a resposta imunológica do corpo para os vasos sanguíneos danificados pela COVID-19 que alimentam o cérebro, produzindo gotas de sangue, coágulos e outras complicações.

A investigadora sul-africana, Resia Pretorius, professora de ciências fisiológicas, na Universidade de Stellenbosch, acredita que ela pode ter encontrado a causa do nevoeiro cerebral e outras complicações da COVID longa: coágulos de sangue microscópicos.

“(S)e estes microcoágulos estiverem em circulação, danificam a vasculatura ou os seus vasos sanguíneos,” Pretorius disse à National Public Radio. Isso, por sua vez, impede que o oxigénio alcance células do corpo e do cérebro.

“E isso pode estar ligado a todos os sintomas persistentes que têm sido registados na COVID longa,” disse Pretorius.

Identificando os microcoágulos como uma provável causa da COVID longa, a pesquisa de Pretorius fornece aos médicos uma ferramenta importante para ajudar os seus pacientes que se queixam de COVID longa, que, muitas vezes, não produz quaisquer indicações em testes laboratoriais.

“O facto de não termos um diagnóstico simples e disponível que marca a COVID longa, não significa que a doença não exista,” disse Pretorius.

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