Quarta Vaga da COVID-19 Atinge Nove Países Africanos

EQUIPA DA ADF

Embora a taxa de novos casos de COVID-19 em África tenha reduzido em meados de Novembro, nove países experimentaram uma quarta vaga de infecções pelo coronavírus, anunciou o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC).

Argélia, Benin, Burkina Faso, Egipto, Quénia, Mali, Maurícias, Somália e Tunísia estão a lutar contra uma quarta vaga, enquanto as autoridades da África do Sul prevêem que uma nova vaga de casos semelhante atinja o país em Dezembro ou em Janeiro.

O director do Africa CDC, Dr. John Nkengasong, apelou a população para não ser complacente quanto às medidas de contenção.

“O número de casos reduz e estabiliza-se, depois vemos que começa a subir mais uma vez, depois de cerca de dois meses,” disse Nkengasong durante a conferência de imprensa do dia 11 de Novembro. “Que estejamos muito atentos a esta situação, não baixemos a guarda e continuemos a implementar as medidas de saúde pública. A testagem no continente sofreu um decréscimo. Na semana passada, o continente registou cerca de 1 milhão de novos testes. Este é o tempo de intensificar a testagem para que sejamos capazes de prever as bolsas de surtos e fazer alguma coisa em relação a elas, antes de causarem uma quarta vaga severa.”

O continente registou aproximadamente 8,6 milhões de casos de COVID-19 e cerca de 222.000 mortes até ao dia 22 de Novembro, de acordo com o Africa CDC.

Dr. Shem Otoi Sam, coordenador de programas da COVID-19, do Bloco Económico da Região do Lago de Quénia, disse que uma quinta vaga de infecções pode estar no horizonte, porque muitas pessoas não estão a praticar o distanciamento social, não estão a usar máscaras nem a praticar outras medidas preventivas.

“Estamos a lidar com um vírus esperto,” disse Sam ao jornal queniano, Daily Nation. “Se relaxarmos um pouco, ele ataca e pela forma como os quenianos estão a comportar-se agora, irá atacar de forma tão agressiva se não tivermos cuidado.”

Na Somália, onde a Amnistia Internacional criticou a resposta do governo à COVID-19, chamando-a de “completamente inadequada,” os especialistas em matérias de saúde afirmam que a doença exacerbou a pobreza e a fome. Uma vez que o país possui poucos laboratórios de testagem, o verdadeiro número de casos e de mortes continua desconhecido.

Dr. Mohammed A. M. Ahmed, director de avanço de projectos da medicina e ciências de saúde, na Universidade de Mogadíscio, disse que a maior parte dos centros de saúde do país são privatizados, concentrados em zonas urbanas e com regulamentação inadequada.

“Mas eu acredito que o sector de saúde privado pode contribuir para a melhoria do acesso ao atendimento médico, se for operacionalizado, organizado e regulamentado,” disse Ahmed numa entrevista concedida à organização de notícias sem fins lucrativos, The Conversation. “Existe, por conseguinte, uma necessidade de integrar a informação de saúde entre os dois sectores. Sem estes números, continuaremos a ter subnotificação de casos.”

O governo somali criou uma força-tarefa da COVID-19, impôs restrições de viagens, ordenou confinamentos obrigatórios e apelou que a população tomasse medidas preventivas, mas muitas sugestões foram ignoradas “devido às fortes crenças culturais ou religiosas,” disse Ahmed.

“Por exemplo, as pessoas continuam a reunir-se nas mesquitas várias vezes ao dia para fazer orações e reúnem-se nas cerimónias fúnebres sem o equipamento de protecção individual adequado,” disse ao The Conversation.

O Ministro de Saúde da África do Sul, Joe Phaahla, disse que a quarta vaga prevista para o país provavelmente não venha a ser tão severa quando às vagas anteriores, devido à imunidade natural.

“Queremos fazer tanto quanto pudermos em termos de restrições sociais para evitar a superpropagação, mas sem retirar muito as liberdades que as pessoas têm em termos sociais e económicos. Por isso, iremos aconselhar em conformidade com esses factores,” disse Phaahla à página sul-africana de notícias da internet, Business Tech. “Pela forma como vemos os números actualmente, o conselho que temos dos nossos epidemiologistas é que este aumento no número de casos é um conjunto isolado que deve ser contido através do rastreamento de contactos, quarentena e isolamento, mas neste estágio não devemos entrar em pânico.”

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