OMS Documenta Lições Aprendidas com a Campanha de Vacinação Contra a COVID-19 em África

EQUIPA DA ADF

Em toda a África, os países estão a criar estratégias singulares de vacinação para satisfazer as suas necessidades.

Angola possui 21 centros de vacinação em massa para a COVID-19 em todas as suas 18 províncias; cada centro é capaz de vacinar 5.000 pessoas por dia.

O Ruanda melhorou a sua infra-estrutura para fortalecer a sua capacidade de conservar as vacinas contra a COVID-19, que devem ser armazenadas em temperaturas extremamente baixas.

O Gana foi elogiado pelos seus esforços de sensibilização e comunicações ao público que demonstraram empatia e clareza.

Estas realizações serão destacadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que está a criar uma base de dados para documentar as lições fundamentais aprendidas pelas nações africanas durante as suas campanhas de vacinação contra a COVID-19.

A equipa do Programa de Aprendizagem de Vacinas, da OMS, também está a criar estudos de caso numa variedade de experiências positivas de vacinação e destaca países que superaram os desafios. Desde o início de Julho, oito nações africanas partilharam experiências e as melhores práticas em webinars.

“À medida que África se prepara para a próxima série de carregamentos de vacinas contra a COVID-19, as ferramentas e os intercâmbios do programa de aprendizagem irão ajudar os países a partilharem aquilo que funciona e por que razão, além de documentar lições cruciais para o futuro,” disse a chefe da equipa do Programa de Aprendizagem, Chanda Chikwanda, ao portal ReliefWeb. “Estamos a apelar a todos os ministérios de saúde africanos para partilharem as suas experiências, quer tenham funcionado ou não, com o objectivo final de salvar mais vidas africanas.”

Em meados de Julho, Angola tinha administrado 1,51 milhões de doses e realizado a vacinação completa de 562.000 pessoas — ou 1,8% da sua população, de acordo com Our World in Data (O Nosso Mundo em Dados), uma publicação digital que recolhe informação sobre a vacinação contra a COVID-19 a nível internacional.

“Com boa liderança e boa coordenação, os centros funcionam perfeitamente, e podemos garantir que demora apenas 20 minutos a partir do momento em que as pessoas entram até ao repouso” depois de serem vacinadas, disse Dra. Silvia Lutucuta, Ministra da Saúde de Angola, num vídeo da OMS.

Jenusa Abel trabalha como conselheira num dos centros, aliviando frequentemente o medo que as pessoas têm da vacina.

“Sinto-me super bem; é o que eu gosto de fazer,” disse Abel num vídeo. “Não se trata apenas de transmitir informação, mas de falar e explicar. O trabalho que faço é importante, porque as pessoas precisam de sair daqui bem informadas.”

A Dra. Djamila Cabral, representante da OMS em Angola, disse que as capacidades dos centros — incluindo o registo electrónico, a capacidade de armazenamento em cadeia de frio e a monitoria de segurança — são o motivo pelo qual Angola foi um dos primeiros países africanos a receber as vacinas contra a COVID-19.

“O compromisso e a capacidade para estar preparado foram exemplares,” disse Cabral num vídeo da OMS.

Para além de melhorar as suas infra-estruturas, o Ruanda utilizou a Ferramenta de Avaliação da Prontidão do País para a Vacina Contra a COVID-19, da OMS, para orientar e monitorar a preparação para a vacinação. O seu programa de vacinação contra a COVID-19 foi criado com base nas lições aprendidas para enfrentar doenças anteriores, de acordo com Dr. Sabin Nsanzimana, director-geral do Centro Biomédico do Ruanda.

“Fizemos a ligação ao sistema [existente], que era mais fácil e mais rápido, e tínhamos a capacidade para armazenar as vacinas que precisam de condições especiais, incluindo as de combate ao Ébola,” afirmou Nsanzimana na página da internet da OMS. “Temos equipas que foram formadas na implementação de vacinas aos níveis central, distrital e comunitário.”

As autoridades de saúde pública do Gana e o Presidente Nana Addo Dankwa Akufo-Addo foram muito cedo elogiados por uma lista abrangente de medidas tomadas numa altura em que o vírus mortal ganhava espaço no continente.

O país de mais de 32 milhões de habitantes iniciou um programa de rastreamento de contactos logo que os primeiros dois casos de COVID-19 foram detectados, em Março de 2020. Ao longo dos quatro meses seguintes, o governo emitiu nada mais, nada menos do que 21 directivas que visavam estabelecer medidas de saúde pública, socioeconómicas e respostas dos sistemas de saúde, de acordo com um gráfico da Brookings Institution.

“Akufo-Addo assumiu a responsabilidade pela política do coronavírus e explicou com cuidado cada medida necessária, sendo honesto quanto aos desafios que o país enfrentava,” escreveu Darren Lilleker, professor de comunicação na Universidade de Bournemouth, no The Conversation. “Demonstrações simples de empatia fizeram com que ele ganhasse aclamação no seu país e também pelo mundo afora.”

O Gana também foi um dos primeiros países do mundo a utilizar drones para fornecer vacinas contra a COVID-19.

A base de dados da OMS também irá documentar os desafios enfrentados pelos países africanos, incluindo uma interrupção nas vacinações de rotina, a hesitação entre alguns funcionários do sector de saúde em ser vacinados e em identificar populações prioritárias para a vacinação.

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